quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Na hora da tragédia, o socorro chega via rádio


Mickaell Clygens
Estudante de Jornalismo

De hobby à profissão, os radioamadores prestaram serviço a custo zero nos municípios afetados pelas chuvas em Alagoas, no último mês de junho. Presente em alguns municípios e com 40 anos de existência em Alagoas, o radioamadorismo foi o único meio de comunicação ativo no período das cheias no Estado.

Com a inundação de casas e a perda total de contato com outros locais, devido a quedas de torres telefônicas nos municípios de Quebrangulo e Branquinha, os radioamadores – em parceria com o Governo – manteve uma comunicação direta com os Bombeiros de Maceió.
Sebastião Marcelo de Lima, presidente da LABRE (Liga Brasileira de Rádio Emissão) ressaltou que a comunicação só foi possível através de um receptor e de um radioamador que esteve presente no local. “Se não tivéssemos um colega radioamador com seus equipamentos, seria complicado Maceió saber da situação de Quebrangulo.
O equipamento apresentava alguns defeitos, o que tínhamos que fazer era trocar algumas peças para poder ser feita a comunicação entre Maceió e Quebrangulo”, disse o presidente. Muitos ainda desconhecem da importância que os radioamadores tiveram nas enchentes. Atualmente o radioamadorismo é praticado por poucos.

De acordo com o presidente da LABRE, a falta de interesse de autoridades do governo conta para que essa área não seja reconhecida como merece. “Todos os gastos com compra de aparatos e novos receptores saem do nosso bolso, não temos fins lucrativos com nada, a paixão pelo radioamadorismo fala mais alto.
Os equipamentos são caros, varia de 200,00 a 50 mil reais. Se firmamos uma parceria com o governo e conseguirmos esses equipamentos tudo seria melhor”, reclamou Sebastião.
Como se tornar um radioamador
O Radioamador ou radioamadoristas, é aquele indivíduo que é habilitado pelo Governo brasileiro para operar uma estação de radiocomunicação amadora.
A Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) é responsável pela regulação do serviço de radioamadores do Brasil. O radioamadorismo também auxilia órgãos oficiais de salvamento, resgate e prevenção à calamidades. Esta se chama Rede Nacional de Emergência de Radioamadores (RENER), pessoas que são voluntárias.
Conforme as regras da Anatel, o Serviço de Radioamador é um serviço de radiocomunicações, realizado por pessoas autorizadas, que se interessem pela radiotécnica. Sem fins lucrativos nehum, e tendo como objetivo à intercomunicação, a instrução pessoal e os estudos técnicos, o radioamadorismo limita-se a utilização para outros fins que não seja em sua determinada estação.
Para ser radioamador o cidadão deve ser autorizado pelo Governo Federal, o radioamador precisa possuir equipamentos de radiocomunicação, linha de transmissão e antena. Lembrando que é necessário ser radioamador, ou operador de estação de rádio-cidadão. A autorização para a execução do serviço de radioamadorismo concedida pelo Governo Federal é precedida de provas executadas pelo candidato, onde são avaliadas suas capacidades operacionais, seus conhecimentos da legislação das telecomunicações, de ética operacional, além da suas capacidades técnicas no manuseio e conhecimento teórico de rádio transceptores, equipamentos, antenas e outros aparatos.
O exame de avaliação é promovido por uma entidade não governamental e representativa dos radioamadores perante o Governo Federal. A Liga de Amadores Brasileiros de Radioemissão – LABRE ou a Anatel é responsáveis pelas realizações das provas. Os exames são gratuitos.
Seguindo uma escala de exames, o radioamadorismo é dividido em três classes. A classe “C” consiste nos testes de, Técnica e Ética Operacional, Legislação de Telecomunicações. A classe “B” em, Conhecimentos Básicos Eletrônica, Eletricidade, Transmissão e Recepção Auditiva de Sinais em Código Morse. Já a última clásse “A”, os aprovados na classe “B” decorrido um ano da data de expedição do COER (Certificado de Operador de Estação de Radioamador) aprovados no teste de Conhecimentos Técnicos de Eletrônica e Eletricidade, conforme interpretação dada pela ANATEL ao Regulamento do Serviço de Radioamador, anexo à Resolução n.º 449/2006, constante do documento denominado Procedimentos de Testes de Comprovação de Capacidade Operacional e Técnica.
Com todos esses exames o radioamadorista pode ter sua licença de funcionamento de uma estação de radioamadorismo, documento que libera o uso e instalação da estação transceptora ao detentor do Certificado de Operador de Estação de Radioemissão, podendo este ser pessoa física ou ainda entidades de ensino, associações de radioamadores. Se tratando de serviço de utilidade pública, em ocasiões excepcionais, as freqüências podem ser solicitados para ser utilizados como reserva técnica para a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, etc.
Com o final da Ditadura Militar, de acordo com a Constituição Brasileira de 1988, o radioamador não é obrigado a ceder equipamentos para quaisquer órgãos de repressão de forma injustificada, podendo os responsáveis serem processados e presos em caso de submeter o cidadão a situação vexatória.
O único órgão responsável pela habilitação, homologação, fiscalização e legislação das estações de radioamador no Brasil é a Anatel
Conheça mais o radioamadorismo:
www.labre.org.br
www.anatel.gov.br

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